Os Homens das Árvores “O Manus le Glasa”

por Mauro Calon
Grupo de ciganos abrigados nas árvores durante uma noite de inverno rigoroso, utilizando plataformas improvisadas, redes e fogões portáteis para se aquecerem

Os ciganos enfrentam desafios e mostram uma incrível capacidade de adaptação. O filme “Latcho Drom”, dirigido pelo cineasta cigano Tony Gatlif, retrata uma forma extrema de sobrevivência. Nele, ciganos se abrigam nas árvores durante noites de inverno rigoroso. Este artigo explora a realidade dos ciganos que, ao não poderem montar acampamento devido à neve, recorriam às árvores como refúgio e como essa prática histórica aparece no cinema.

A criação de um Movo Habitat: A Vida nas Árvores

Sem abrigos convencionais e enfrentando condições climáticas adversas, os ciganos encontravam maneiras inovadoras para se proteger do frio e da neve. As árvores, por exemplo, ofereciam uma solução natural e eficaz:

  1. Construção de Plataformas: Muitos ciganos construíam plataformas temporárias nas árvores. Utilizando galhos e folhas, criavam superfícies planas onde podiam deitar-se e manter-se afastados do chão frio e úmido. Essas plataformas eram reforçadas com tecidos e cobertores para melhorar o conforto e a proteção contra o vento.
  2. Fogões Portáteis: Pequenos fogões portáteis ajudavam a combater o frio intenso. Eles usavam esses fogões sobre as plataformas, minimizando o risco de incêndio e proporcionando calor suficiente para manter as temperaturas toleráveis durante a noite.
  3. Redes e Cordas: Redes de dormir, comuns em muitas culturas nômades, eram amarradas entre galhos robustos. As cordas e redes permitiam que os ciganos ficassem suspensos acima do solo, longe da neve e dos predadores. Além disso, essas redes facilitavam a mobilidade e a instalação rápida em diferentes árvores conforme necessário.
  4. Isolamento Natural: A folhagem das árvores proporcionava um isolamento natural contra o vento e a neve. As folhas e galhos funcionavam como uma barreira adicional, ajudando a manter o calor corporal e a criar um microclima mais estável nas alturas.

A Representação no Cinema

No filme “Latcho Drom”, Tony Gatlif ilustra essa prática de forma poética, mostrando como os ciganos se abrigam nas árvores para escapar das condições adversas do inverno. Embora a cena seja breve, ela capta a essência da engenhosidade cigana e sua capacidade de sobreviver em circunstâncias extremas. Além disso, muitos espectadores podem não perceber a profundidade desta cena à primeira vista, mas ela reflete autênticas práticas de sobrevivência dos ciganos ao longo da história.

Clãs Ciganos nos Países com Muita Neve

Rússia

A Rússia, conhecida por suas nevascas severas, abriga os Ruska Roma. Este grupo tem subgrupos regionais, como Pskovska Roma e Siberyaki, que se adaptaram às duras condições climáticas com métodos tradicionais de sobrevivência. Além disso, eles mantêm uma rica tapeçaria cultural que se mistura com as influências locais.

Canadá

No Canadá, os clãs Romanichal e Kalderash enfrentam invernos rigorosos nas províncias do norte. Eles se estabeleceram em áreas urbanas e rurais, utilizando abrigos improvisados e técnicas tradicionais para sobreviver às condições adversas. Com frequência, combinam práticas antigas com inovações modernas para maximizar seu conforto e segurança.

Estados Unidos

Os Estados Unidos têm uma diversidade de clãs ciganos, como Romanichal, Kalderash, Lovari e Sinti, especialmente em estados com invernos severos, como Alasca e Colorado. Eles, portanto, combinam práticas tradicionais com recursos modernos para sobreviver ao frio, adaptando-se constantemente às novas tecnologias e métodos de isolamento.

Noruega

Os Romanisæl, ou “Travellers”, na Noruega, são conhecidos por seu estilo de vida itinerante. Eles utilizam uma combinação de abrigos móveis e técnicas de adaptação ao frio para enfrentar os invernos longos e rigorosos. Ademais, sua capacidade de mover-se rapidamente entre diferentes locais lhes permite escapar das piores condições climáticas.

Finlândia

Os Kale finlandeses na Finlândia têm uma longa história de adaptação ao frio extremo. Utilizando tradições culturais e práticas de sobrevivência herdadas, eles enfrentam os invernos longos e frios da Lapônia. Frequentemente, compartilham conhecimentos entre gerações, garantindo que as técnicas eficazes de sobrevivência sejam mantidas e aprimoradas.

Suécia

Na Suécia, os clãs Kale finlandês e Romanisæl enfrentam condições climáticas severas com uma combinação de tradições e inovações modernas. Eles utilizam abrigos temporários e técnicas de isolamento para sobreviver às nevascas. Dessa forma, eles conseguem manter suas tradições culturais enquanto se adaptam às exigências do ambiente moderno.

Suíça

Os clãs Sinti e Manush na Suíça vivem nas regiões alpinas, conhecidas por suas pesadas nevascas. Eles combinam práticas tradicionais de sobrevivência com recursos modernos para enfrentar os invernos rigorosos. Assim, conseguem manter um equilíbrio entre tradição e modernidade, garantindo sua sobrevivência e prosperidade.

Áustria

A Áustria abriga vários clãs ciganos, incluindo Lovari, Kalderash e Sinti, que utilizam abrigos improvisados e técnicas tradicionais para sobreviver às condições alpinas. Além disso, sua capacidade de se adaptar a diferentes ambientes garante que eles possam prosperar, independentemente das condições climáticas.

A imagem dos ciganos abrigados nas árvores durante o inverno, como retratada em “Latcho Drom”, é um poderoso símbolo de resiliência e adaptação. Estes “Homens das Árvores” mostram como a engenhosidade e a tradição podem superar até mesmo os ambientes mais hostis. Portanto, ao explorar as técnicas de sobrevivência e a presença dos clãs ciganos nos países mais nevados, podemos apreciar ainda mais a rica tapeçaria cultural e a incrível capacidade de adaptação deste povo extraordinário.

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