Santa Sara Kali é uma figura emblemática na tradição e fé dos ciganos, reverenciada como sua padroeira. Sua história está entrelaçada com lendas de milagres e fé inabalável. Embora seja amplamente celebrada, há muita confusão e controvérsia sobre sua canonização oficial pela Igreja Católica. Este artigo explora em detalhes a história, os mitos e a realidade por trás da canonização de Santa Sara Kali, abordando as diversas perspectivas e tradições associadas a esta santa venerada.
Santa Sara Kali é frequentemente descrita como uma figura mítica que acompanhou as três Marias (Maria Salomé, Maria Jacobina e Maria Madalena) em sua jornada após a crucificação de Jesus. Segundo a lenda, devido à perseguição, elas foram colocadas em um barco sem remos e sem mantimentos, lançadas ao mar à mercê das ondas. Após uma jornada milagrosa, chegaram à costa da França, em um lugar que hoje é conhecido como Saintes-Maries-de-la-Mer (Glaucia Carvalho) (Na Casa da Mente).
Sara, uma mulher de origem cigana, prometeu que, se todos sobrevivessem, cobriria sua cabeça com um lenço pelo resto da vida. Este voto de devoção é central para a veneração de Santa Sara, especialmente entre as mulheres que buscam bênçãos de fertilidade e proteção.
Muitas fontes afirmam que Santa Sara foi canonizada em 1712, mas faltam evidências históricas concretas. Não existem registros oficiais no Vaticano que confirmem uma canonização formal. A popularidade e a veneração local que Santa Sara recebeu ao longo dos séculos podem ter contribuído para essa confusão.
Santa Sara é mais conhecida como uma santa popular, venerada regionalmente e especialmente dentro da comunidade cigana. A festa anual, celebrada em 24 e 25 de maio em Saintes-Maries-de-la-Mer, atrai milhares de devotos que participam de procissões e cerimônias, evidenciando a profundidade da fé e da tradição associada a ela.
A devoção a Santa Sara Kali é especialmente significativa para os ciganos, que a veem como uma protetora e intercessora. Muitas ciganas que têm dificuldades em engravidar fazem promessas a Santa Sara, oferecendo lenços coloridos (diklôs) em seu santuário em Saintes-Maries-de-la-Mer em troca de bênçãos de fertilidade. Esta prática simboliza o voto original de Sara de cobrir sua cabeça em sinal de devoção.
Além da fertilidade, Santa Sara é invocada para proteção, sorte, amor e saúde. A tradição de depositar lenços em seu túmulo é um testemunho da fé e gratidão das devotas que acreditam em seu poder de intercessão. Estes lenços são vistos como oferendas de agradecimento por graças alcançadas.
Embora a Igreja Católica não tenha reconhecido oficialmente Santa Sara como uma santa canonizada, ela é venerada em várias tradições religiosas. Na França, sua figura está associada ao culto das Madonas Negras, e sua imagem é adornada com lenços e joias durante as festividades.
Na Umbanda, Santa Sara é incorporada na Linha Cigana, onde é vista como uma protetora espiritual que ajuda os devotos em suas necessidades. Sua imagem é frequentemente encontrada em terreiros, e rituais dedicados a ela envolvem oferendas de flores, frutas e outros itens simbólicos.
Santa Sara Kali é uma figura de grande importância para a comunidade cigana e outros devotos ao redor do mundo, apesar da controvérsia em torno de sua canonização oficial. Sua história, entrelaçada com lendas de fé e milagres, continua a inspirar e a atrair milhares de pessoas a Saintes-Maries-de-la-Mer todos os anos. Enquanto a Igreja Católica não confirma sua canonização, a devoção popular a Santa Sara Kali permanece forte, evidenciando a poderosa conexão espiritual que muitos sentem com ela. Esta devoção é um testemunho da resiliência e da fé inabalável de uma comunidade que encontra em Santa Sara um símbolo de esperança, proteção e milagre.